Existe uma grande diferença entre ouvir e escutar
Sabia que ouvir e escutar, embora pareçam sinônimos, são ações diferentes?
Aliás, a primeira nem sequer é exatamente uma ação. Segundo o neurologista auditivo Seth S. Horowitz, a questão é atenção. Ouvir algo, segundo ele explicou num artigo publicado no New York Times, é uma ação passiva, consequência do nosso sistema auditivo, que capta involuntariamente os sons à nossa volta numa reação a estímulos externos que acontece mais rapidamente do que qualquer outro sentido. Já escutar é uma ação ativa, pois requer foco.
Seth explica: “Quando você realmente presta atenção em alguma coisa que você está escutando, seja a sua música favorita ou um gato miando na hora da comida, um caminho ‘de cima para baixo’ separado chega. Aqui, os sinais são transmitidos através de um caminho dorsal em seu córtex, parte do cérebro que faz mais cálculos, o que permite a você focar ativamente no que você está ouvindo e sintonizar sinais e visões que não são tão imediatamente importantes. Neste caso, seu cérebro funciona como um conjunto de fones de ouvido que suprimem o som, com os caminhos mais ativos durante experiências passivas de ‘ouvir’, agindo como um botão para interromper se algo mais urgente – digamos, uma turbina de um avião caindo no teto do seu banheiro – atrair a sua atenção”.
Já escutar, segundo Seth, é uma habilidade, que pode ser melhorada ou perdida. Perder a capacidade de escutar, no caso, não significa ficar surdo, mas sim ser dominado por aquilo que o autor chama de “distração digital” e “sobrecarga de informações”, que estariam “se tornando uma epidemia em um mundo que está trocando conveniência por conteúdo, velocidade por significado”.
Há alguns pontos discutíveis no artigo de Seth. Algumas das técnicas que ele sugere para treinar a habilidade de escutar (entre elas, ouvir música nova e ouvir a voz, e não as palavras de seus entes queridos) foram aprimoradas pela “distração digital” que ele condena.
Mesmo assim, sua explicação da diferença entre as duas ações é muito interessante, e ele fez um bom trabalho ao explorar as diferenças neuroanatômicas entre elas. E por mais dramático que soe o seu aviso de que “escutar é uma habilidade... que nós estamos em perigo de perder”, ele é digno de atenção, pois nos lembra da importância de realmente escutar alguém ou alguma coisa.
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